Constança Brás foi um dia ao Pessegueiro e escreveu: “O jogo do Xito (uma forma de jogo da malha) foi por nós encontrado no Pessegueiro, serra algarvia, quase fronteira com o Alentejo. Assistimos com gosto a um dos campeonatos semanais. Aproximadamente cem homens que vieram das aldeias e montes mais próximos para participarem, com prazer, no campeonato do Xito, com a duração de cerca de oito horas. Os mais idosos, que já deixaram de jogar, participam assistindo. As mulheres preparam a festa e servem o jantar no final das provas. Há prémios, desde o borrego à cerveja, para distribuir pelas equipas vencedoras e que, é bonito constatar, são geralmente oferecidos para o jantar do campeonato seguinte.”
Notas
CONSTANÇA BRÁS, Apresentação do Jogo do Xito no Pessegueiro, Martim Longo-Algarve, para o I Encontro Nacional dos Jogos da Malha, Oliveira de Azeméis, 1989. A autora da comunicação fala bem acertadamente do jogo como festa, tomando-o assim como expressão cultural. A festa está na participação “com prazer” e não apenas no bródio que as mulheres preparam. No mesmo encontro José Neto (Paços de Ferreira) esclareceu o seu conceito de cultura: “Não partilho da concepção (felizmente em grande decadência) estritamente intelectualizante de cultura que limita esta às artes e às letras — cultura é um quadro de Malhoa, uma sinfonia de Beethoven, um drible de Futre, uma mecada pelo lançamento da malha…” Aqueles cem homens a jogarem o Xito (ou Chito), os mais idosos a assistirem e as mulheres a colaborarem nos comes-e-bebes — isso é festa, isso é cultura que merece muita atenção.